Tempo de tela e crianças: recomendações por idade e impactos na saúde mental
- Lourena Alves

- 3 de out.
- 4 min de leitura
Celulares, tablets, videogames e televisão já fazem parte da rotina das famílias. Muitas vezes, são aliados: ajudam a distrair as crianças em momentos de espera, oferecem conteúdos educativos e até aproximam familiares em chamadas de vídeo.
Mas, quando o uso passa do limite, podem surgir sinais de alerta: irritação, sono desregulado, dificuldade de concentração e até problemas emocionais mais sérios.
A pergunta que muitos pais fazem é: quanto tempo de tela é saudável para uma criança em cada fase da vida? E mais do que isso, como evitar que o excesso traga prejuízos para o desenvolvimento físico, social e mental dos pequenos?
O que é considerado tempo de tela?
Quando falamos em “tempo de tela”, não estamos nos referindo apenas ao celular. O conceito inclui todo tempo em frente a dispositivos digitais:
Televisão
Tablet
Computador
Celular
Videogames
Recreativo x Educativo
Nem todo tempo de tela é igual. Assistir a um desenho animado por horas, sozinho, não tem o mesmo impacto que usar o tablet para acompanhar uma aula de inglês ou assistir a um documentário infantil. Mesmo assim, o equilíbrio é essencial: crianças pequenas não conseguem diferenciar bem os conteúdos, e o cérebro delas ainda está em formação.
Recomendações de tempo de tela por idade
As principais referências, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomendam limites claros.
Crianças até 2 anos
Recomendação: evitar telas.
Exceção: chamadas de vídeo para manter contato com familiares.
Por quê? Nessa fase, o cérebro precisa de estímulos reais — toque, fala, brincadeiras com objetos — para se desenvolver.
De 2 a 5 anos
Recomendação: até 1 hora por dia.
Orientação: conteúdos educativos e sempre acompanhados por um adulto.
Por quê? O excesso pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem, o sono e a interação social.
De 6 a 10 anos
Recomendação: entre 1h e 2h por dia.
Orientação: supervisionar os conteúdos e manter a rotina equilibrada com atividades físicas e brincadeiras offline.
Pré-adolescentes e adolescentes (11 a 18 anos)
Recomendação: no máximo 2h/dia de lazer em frente às telas, sem contar atividades escolares.
Por quê? O risco maior nessa fase é o isolamento social, a dependência digital e o impacto no sono.
Impactos do excesso de telas na saúde mental infantil
Se as recomendações não são respeitadas, começam a aparecer sinais claros de sobrecarga. Entre os principais impactos do uso exagerado de telas, estão:
Ansiedade e irritabilidade
O excesso de estímulos digitais acelera o cérebro das crianças, deixando-as mais ansiosas e impacientes. Jogos e vídeos muito rápidos dificultam a tolerância à espera no mundo real.
Dificuldade de concentração
Crianças que passam muito tempo em frente às telas podem apresentar menor capacidade de foco em tarefas escolares e até atraso no aprendizado.
Alterações no sono
A luz azul emitida pelas telas atrapalha a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono. Resultado: crianças que dormem tarde, mal e ficam cansadas durante o dia.
Risco de dependência digital
O uso descontrolado pode levar a um comportamento de dependência, em que a criança prefere o mundo digital às interações sociais e familiares.
Isolamento social
Quanto mais tempo em frente às telas, menor o interesse em brincar com outras crianças e se engajar em atividades coletivas. Isso pode prejudicar habilidades de socialização.
Como equilibrar o uso de telas em casa
Proibir totalmente não é realista — e pode até gerar mais conflito. O caminho é definir limites e criar alternativas saudáveis.
Criar regras claras de horários
Defina um limite de tempo por dia e horários específicos. Exemplo: liberar 30
minutos após a lição de casa e antes do jantar.
Oferecer alternativas lúdicas
Brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiro, leitura em família e atividades esportivas são ótimas opções para substituir o tempo de tela.
Participar ativamente
Sempre que possível, assista junto. Pergunte sobre o que a criança está vendo ou jogando. Isso transforma a tela em oportunidade de diálogo.
Dar o exemplo
Crianças imitam os adultos. Se os pais estão sempre no celular, será mais difícil estabelecer limites. É importante equilibrar também o tempo de tela dos responsáveis.
Quando procurar ajuda profissional?
O uso de telas só se torna um problema sério quando começa a afetar a rotina e o comportamento da criança. Alguns sinais de alerta:
Irritabilidade ao desligar os aparelhos.
Sono desregulado e cansaço constante.
Queda no desempenho escolar.
Isolamento e dificuldade de socialização.
Perda de interesse em brincadeiras ou esportes fora das telas.
Nesses casos, é recomendável procurar um especialista. Psicólogos e psicopedagogos infantis podem ajudar a família a reorganizar hábitos, compreender as causas do comportamento e apoiar a criança no desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais.
As telas fazem parte da vida moderna, mas o segredo está no equilíbrio. Com limites bem definidos, acompanhamento dos pais e estímulos adequados, elas podem ser usadas de forma saudável.
O importante é estar atento aos sinais que o seu filho dá e buscar ajuda sempre que necessário.
Na Clínica Só Crianças, nossos especialistas em saúde mental infantil estão prontos para orientar sua família sobre hábitos digitais equilibrados e apoiar o desenvolvimento saudável do seu filho.
Entre em contato e agende uma avaliação em uma de nossas unidades: Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Conrado.






Comentários